A cidade de Cabul é o espelho de uma cidade caótica, envolvida num manto de pó, que a toda a hora é invadida pelos apitos irritantes de buzinas pouco cívicas e aflitas sabe-se lá porquê. Crianças à berma da estrada, esperando que os semáforos que nunca trabalharam, vejam o transito parado pelo sinaleiro que tudo menos faz que, escoar as viaturas em stress! Crianças estas que viver com uma riqueza diária de, um dólar por dia... Que luxo!
O outro dia dei por mim a ver um novo método de transporte de animais... Ou será que era transporte de pessoas?! Um homem, capaz de ser o presidente da protecção dos animais, fez questão de colocar a sua mulher na caixa aberta da sua "Mercedes" topo de gama, enquanto que as belas das ovelhas iam sentadinhas no banco da viatura. Deixem-me dizer que é um homem a ter em conta. Denotei um enorme cuidado e protecção pelo animal com esta atitude!
É mesmo uma cidade fantástica e capaz de transmitir uma beleza incalculável!! Reparem bem que também no outro dia, não tinha mais nada que fazer, e peguei no meu "bot" e fui dar uma volta até aos arredores da cidade, e notei na moderna e espetacular central de separação e reclicagem de lixo que havia à berma da estrada. Brutal!! Mais brutal foi reparar que as suas infraestruturas eram tão sofisticadas, que aquele que menos merecem, e ainda tão pequena é a sua história brincavam ao sabor do vento calçando debaixo de si um manto de doações dadas por aqueles que pouco ou nada tiveram para dar. Tão sofisticado e tão inemaginavel era que as suas instalações deixavam a possibilidade de construir verdadeiras mansões por aqueles que não têm ordenado, e que mudam de casa a cada estação do ano.
É acima de tudo, uma cidade maravilhosa e extremamente modernizada! (ainda ontem vi aqui um MAC)
Mas no seu interior, no lado que ninguém conhece e sabe-se lá porquê, os filhos de uma grande senhora, que andam sempre com um microgaitas na mão, não mostram nem dizem que talvez sejam a população mais acolhedora que vi até hoje. A população que mais luta pela reconstrução daquilo que os de fora destruíram. Aqueles que ninguém valoriza aqui à uns dias foram capaz de fazer aquilo que os da minha honrosa e digna pátria não conseguiram fazer... Enganar a barriguinha! Um como muitos dias de seca, sabendo sabe-se lá a que horas o taxímetro iria começar a trabalhar, acompanhado pelo novo de Dan Brown, seguido de uma bela e desconfortável cesta, dei por mim com um majestoso e muito significante tabuleiro cuidadosamente decorado com um toque árabe, trazendo no seu topo o belo do cházinho afegão na companhia de umas goluseimas. E esta hem?! E a única coisa que me pediram foi... "Bebe meu amigo!" :)
São estes os monstros que mais uma vez os grandes filhos de uma enorme senhora pintam nos nossos ecrãs mágicos e coloridos que fazem barulho que se farta. Monstros que por sua tradição e religião, dão o pouco que têm aos pobres sem que nada seja redribuido, um gesto que não é mais que não, um dividir do que é todos, mas não é de ninguém! São estes os burros que vivem pintados de incultos, mas que sabem falar mais línguas que a minha professora que tinha a mania que era poliglota...
Àqueles que ontem me aqueceram a barriga, e não me deixaram passar fome numa manhã de conhecimento profundo do interior de Cabul, um muito obrigado e aqui vos deixo o vosso lado que poucos conhecem e não querem ver...
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